O LET é um programa de extensão que acolhe projetos articulados. Por essa razão, vinculam-se a ele também diversos trabalhos de pesqusia e de ensino que são desdobramentos de projetos de extensão.
E isto não só é possível, como desejável, pois contribui para promover o tão necessário diálogo entre extensão, ensino e pesquisa, que é ipmortante por uma série de razões.
Talvez a mais importante delas seja a de discutir a natureza da relação que os três eixos do tripé que sustenta o Ensino Superior estabelecem ou devem estabelecer entre si: de igualdade, ou de melhor, equidade, para que se mantenha equilíbrio entre as partes e estas efetivamente se complementem? Ou algum dos eixos acaba se sobressaindo mais que os outros?
Para que as questões acima façam sentido, apesar da aparente contradição que levantam, precisamos levar em conta não somente o que está previsto no Artigo 207 da Constituição de 1988, em relação à indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, princípio a que as universidades devem obedecer. É fundamental enxergar além do ideal e ver também a realidade de que, no entendimento de muitas pessoas, a pesquisa tem mais valor. A escola, por exemplo, ensina desde muito cedo que a teoria deve preceder a prática – daí, quem sabe, vem a afirmação de que é possível teorizar sem pôr “a mão na massa”.
Como já dissemos, o LET originalmente é um programa de extensão. Portanto, mesmo se articulando com os demais eixos, não se pode negar que, em razão da sua procedência, de certa forma ele a privilegia, até por razões de ordem burocrática. Mas o que faz toda a diferença nessa discussão é se ele a privilegia em detrimento da pesquisa ou de ensino. E como toda questão que vale a pena ser discutida, a resposta não é simples. Objetivamente falando, afirmamos categoricamente que não, ele não privilegia a extensão em detrimento dos demais eixos. Até porque a porposta do programa é de trabalhar na perspectiva da articulação, da indissociabilidade, incentivando-a, estimulando-a, não simplesmente para cumprir protocolos (já que nem mesmo há alguma espécie de vigilância ou cobrança institucional nesse sentido), mas por convicção de que esta forma de trabalhar é a que mais contribui para que a instituição cumpra com sua função social e para que os alunos tenham uma formação de qualidade.
“A articulação dos três eixos não deve ser encarada apenas como uma exigência a ser cumprida, mas como o caminho que leva a universidade a dar o melhor de si […]”.
Especificamente em relação à pesquisa, é preciso esclarecer que os projetos dessa natureza vinculados ao LET são trabalhos que, antes de tudo, prestam a articular-se. Essa é uma questão fundamental, já que não é qualquer pesquisa que tem ou pode vir a ter um viés extensionista.
Pesquisas que, por exemplo, não se prestam a serem colocadas em prática ou, caso o sejam, partem “do pressuposto de que a universidade só tem a ensinar e nada a aprender […]” (CORREA, FRAGA 2013, p. 15), dificilmente poderão passar a ser trabalhos articulados.
Já trabalhos que encarem a comunidade externa como quem “é capaz apenas de ‘receber’ […]” (idem, ibidem, p. 15), igualmente não servirão. Para que se dê o desdobramento extensionista, é indispensável que esta seja encarada como parceira com quem se possa construir um trabalho em conjunto.
Enfim, pesquisas que se limitam a contribuir apenas “indiretamente” ou que têm como objetivo principal colaborar para o “desenvolvimento da ciência” também não dispõem necessariamente de abertura necessária para propor uma discussão para além da teoria.
Por sua vez, a pesquisa que dialoga com extensão diferencia-se por ter de definir muito claramente a finalidade do trabalho, já que este, ao menos em tese, propõe uma contribuição de fato, fruto do contato que se quer ter uma comunidade, a qual se pretende “ajudar”, mesmo que, na prática, nem sempre se consiga fazê-lo. E é esse contato que pode gerar (auto)cobrança em relação aos resultados obtidos, que não é apenas “simbólica”, da parte de agências de órgãos de fomento, de programas de pós-graduação, mas real e urgente, pois é apontada concretamente pelos participantes.
Por outro lado, é essa cobrança, ou melhor, esse compromisso que move todos os projetos integrados de extensão, ensino e pesquisa desenvolvidos no LET, de forma que seus objetivos têm sido atingidos para além do previsto, o que demonstra que a articulação dos três eixos não deve ser encarada apenas como uma exigência a ser cumprida, mas como o caminho que leva a universidade a dar o melhor de si, especialmente para aqueles que mais merecem se beneficiar disso.