Entrelaçamento das fronteiras entres a teoria, a prática e a intervenção

Iniciamos este texto contando um pouco sobre nossa participação no LET. Inserimo-nos neste a partir do momento em que a Coordenadora do programa, professora Djane Antenucci Correa, manifestou sua intenção de criar um espaço multidisciplinar, tendo como eixo de referência os estudos sobre a linguagem. Percebemos que poderíamos contribuir, além de aprender, é claro, outras formas de trabalhar com linguagem.

“Ensinar ou aprender algo é um processo político, social e histórico que abarca também as crenças de todos os envolvidos”.

Nesse sentido, fazemos parte deste grupo, seja como ministrante de cursos, projetos e eventos, ou ainda como participante de eventos diversos que o LET vem propondo no decorrer destes anos. Dessa forma, corroborando com o eixo e referência proposto pelo programa que rompe com a predominância das disciplinas engavetadas, neste espaço procuramos promover o entrelaçamento das fronteiras entre a teoria, a prática e a intervenção, de maneira direta e também indireta, nas estruturas acadêmicas, educacionais e sociais.

Assim, partindo de nossa vivências nas salas de aula da educação básica e, posteriormente, na universidade, nos deparamos com muitas situações relativas à prática docente que nem sempre conseguimos compreender em sua totalidade, fato este que desencadeou ao longo de nossa vivência acadêmica questionamentos como: Qual(is) diferença(s) existe(m) entre ser professor de “língua materna” “língua estrangeira”? Ou o que caracteriza/diferencia este último em relação àquele? Podemos dizer que essas inquietações sempre estiveram, de uma forma ou de outra, presentes em nossa vida acadêmica.

Nossa participação no LET serviu para percebermos que ensinar ou aprender algo é um processo político, social e histórico que abarca também as crenças de todos os envolvidos, direta ou indiretamente, como alunos, professores, direção, coordenação pedagógica, enfim, todas as pessoas ligadas ao prcoesso educacional formal. dessa forma, nossa vivência como professora integrante desse espaço de negociações, troca de experiências, pesquisas de ensino, pesquisa e extensão tem no sproporcionado observar, refletir, questionar e refutar várias questões relativas ao ensino e à aprendizagem no sentido plural que se complementa a partir de cada encontro, leitura e debate realizados no LET.

Identidade e autonomia: Uma discussão premente

O curso de extensão Introdução ao sestudos sobre identidade do universitário: questões de autonomia está em andamento desde o início do primeiro semestre de 2014 e é coordenado pela Professora Lucimar Araujo Braga. Nesta atividade, a proposta é discutir noções de identidade e autonomia, a relevância da atitude, autônoma na formação do professor com professores já formados e as consequentes implicações para o process de ensino e aprendizagem de língua.

Executado no LET< às quartas-feiras, entre 17h e 18h45, o cruso teve como público-alvo alunos de graduação, pós-graduação, professores da rede pública e privada de ensino e comunidade em geral. Nestes termos, foi mais uma ação de extensão que faz parte das atividades do LET, articulando-se com pesquisa por meio do vínculo com o projeto Percepções sobre autonomia de professores em formação. Nas palavras da coordenadora, o curso em formato de grupo de estudos, discute a identidade e a relevância da autonomia de professores formados e em formação para compreender melhor a formação de professores criticos e autônomos. Assim, acredita-se que pela extensão é possível reunir um número maior de participantes para a discussão e reflexão do tema proposto. Além disso, as discussões aqui trazidas complementam a pesquisa teórica sobre identidade e autonomia. Cabe lembrar que essa temática não está contemplada na grade curricular dos Cursos de Letras da UEPG.

Os trabalhos de pesquisa vinculados à proposta do LET

Universidade, Processos de Ensino- Aprendizagem na Universidade e Construção da Identidade Docente Coordenado pela Profª Ligia Paula Couto, este trabalho se volta para o estudo de questões relacionadas à universidade de à área da pedagogia universitária, focando principalmente a função do ensino universitário, os processos de ensino-aprendizagem nesse nível de ensino e a construção da identidade docente do professor universitário.

Abordagem sobre estruturas e níveis de argumentação no texto escrito
O objetivo geral desta pesquisa sob a responsabilidade da Profª Rosita Maria Bastos dos Santos é analiser o texto argumentativo escrito pertencente a gêneros textuais da ordem do argumentar de circulação social, com vistas às particularidades apresentados na organização dos constituintes de sequência argumentativa.

Estudos do texto em contextos escolares/acadêmicos
Este projeto sob a coordenação da Profª Eliane Santos Raupp visa a possibilitar a articulação entre, pesquisa e extensão e o diálogo entre áreas do cnhecimento que atuam direta ou indiretamente com o ensino de Língua Portuguesa. Nesse sentido, pretende-se possibilitar aos acadêmicos dos Cursos de Letrsa e de Pedagogia um espaço concreto de pesquisa a rsepeito do processo de ensino e aprendizagem mediado por textos.

Ensino-aprendizagem de línguas: processos de mediação, formação de professores e políticas educacionais
Este trabalho, também coordenado pela Profª Eliane Santos Raupp, discute e trabalha a formação de professor de língua, fundamentada principalmente na visão do professor reflexivo-crítico, segundo Pimenta e Ghedin (2005), e ensino com pesquisa, de acordo com Severino (2008); de modo qeu se possa investir na formação do professor pesquisador.

Percepções sobre autonomia de professores em formação
Coordenado pela Profª Lucimar Araujo Braga, este trabalho propõe uma pesquisa bibliográfica em que se questionem as possíveis percepç~´oes que professores em formação podem apresentar em relação à autonomia como articuladora no procedimento de interação para aprender e ensinar línguas.

Formação inicial e continuada de professores de língua: um estudo qualitativo sobre configurações de língua(gem) na UEPG/PR
Este projeto, sob a responsabilidade da Profª Djane Antonucci Correa, propõe um estudo acerca da necessidade de investir esforços direção de encaminhamentos mais precisos de ensino e aprendizagem de língua, ou seja, mais condizentes com as atuais necessidades e condições sócio-históricas, culturais e econômicas nas quais vivemos.

Contextos sociolingusticamente complexos no Paraná e formação (continuada) de professores de língua
Neste trabalho, a coordenadora, Profª Leticia Fraga, propõe a investigação da condição linguística do estado do Paraná, mais especificamente a forma como as escolas que se localizam em regiões bi/multilíngues lidam com essa realidade, especialmente no que diz respeito à (não) elaboração e/ou (não) aplicação de políticas linguísticas adequadas ao contexto a que elas se referem, para posterior proposição de formação continuada junto aos docentes dessas escolas. A este projeto mais amplo estão vinculados três projetos: 10 Políticas educacionais e ensino de língua em terras indígenas paranaenses: formação continuada de professores de lingua em contextos bi/multilíngues (iniciado em 2013 e financiado pelo CNPq); 2) Políticas educacionais e ensino de línguas em Mangueirinha/PR: revitalização sociocultural e linguística da identidade Kaingang (iniciado em 2012 e financiado pela Fundação Araucária); 3) Formação continuada de professores de língua em contextos bi/multilíngues paranaenses (iniciado em 2012 e financiado pelo CNPq).

Poesia na sala de aula: Desafios e propostas

O projeto Poesia na sala de aula: desafios e propostas, iniciado em fevereiro de 2014, tem vigência até 17/12/2015; é reedição do projeto desenvolvido de 01/4/2011 a 30/7/2013. Sediado no Campus Central da UEPG, o projeto propõe-se a investigar e caracterizar como se configura a situação da leitura do texto poético em Escolas de Ponta GHrossa e de municípios da Região dos Campos Gerais, visando a obter dados que permitam uma melhor compreensão desta problemática e subsidiem a formulação de propostas para a sua superação.

Através de pesquisa de campo junto a alunos e professores do Ensino Fundamental, bem como a pesquisa bibliográfica e outrsa, aliadas às trocas de experiências, debates, oficina, elaboração de material de apoio, formulação de propostas metodológicas – o projeto pretende subsidiar acadêmicos dos Cursos de Letras e professores de Língua Portuguesa, no sentido de que venham a desenvolver um trabalho mais prazeroso e produtivo com a poesia na sala de aula, objetivando ampliar e aprimorar, junto aos alunos de Educação Básica, o gosto e a proficiência em relação ao texto poético.

A pesquisa de campo visa atingir 7 Escolas do Ensino Fundamental, de municípios da Região dos Campos Gerais – envolvendo cerca de 170 alunos e respectivos professores.

Prevê-se a realização de uma Oficina, para 35 cursistas, com público-alvo constituído por: acadêmcios dos Cursos de Letras da UEPG e de outras Instituições; professores de Língua Portuguesa, professores participantes do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE; e outras pessoas interessadas no assunto.

A proposta vem sendo desenvolvida de maneira produtiva e relevante, tendo em vista a grande dificuldade que os professores manifestam em trabalhar com o texto poético em sala de aula, constatação baseada tanto em relatos dos próprios docentes que atuam na Educação Básica, como em pesquisas feitas por diversos órgãos, cujos dados e conclusões ecoam em documentos oficiais do MEC< como, por exemplo, nas Orientações curriculares para o ensino médio. Volume 1: Linguagens, códigos e suas tecnologias, de 2006, onse lê: "Sabe-se que ela [a leitura da poesia] tem sido sistematicamente relegada a um plano secundário. Muito já se falou sobre a dificuldade de se lidar com o abstrato, com o inacabado, com a ambiguidade, características intrínsecas do discurso poético, que tem tornado a leitura de poemas rarefeita nas mediações escolares [...]." (p. 74) Entre os resultados da primeira versão da proposta, pode-se destacar a elaboração de dois Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) por parte de duas alunas da equipe do projeto.

Papel da pesquisa e do ensino no LET

O LET é um programa de extensão que acolhe projetos articulados. Por essa razão, vinculam-se a ele também diversos trabalhos de pesqusia e de ensino que são desdobramentos de projetos de extensão.

E isto não só é possível, como desejável, pois contribui para promover o tão necessário diálogo entre extensão, ensino e pesquisa, que é ipmortante por uma série de razões.

Talvez a mais importante delas seja a de discutir a natureza da relação que os três eixos do tripé que sustenta o Ensino Superior estabelecem ou devem estabelecer entre si: de igualdade, ou de melhor, equidade, para que se mantenha equilíbrio entre as partes e estas efetivamente se complementem? Ou algum dos eixos acaba se sobressaindo mais que os outros?

Para que as questões acima façam sentido, apesar da aparente contradição que levantam, precisamos levar em conta não somente o que está previsto no Artigo 207 da Constituição de 1988, em relação à indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, princípio a que as universidades devem obedecer. É fundamental enxergar além do ideal e ver também a realidade de que, no entendimento de muitas pessoas, a pesquisa tem mais valor. A escola, por exemplo, ensina desde muito cedo que a teoria deve preceder a prática – daí, quem sabe, vem a afirmação de que é possível teorizar sem pôr “a mão na massa”.

Como já dissemos, o LET originalmente é um programa de extensão. Portanto, mesmo se articulando com os demais eixos, não se pode negar que, em razão da sua procedência, de certa forma ele a privilegia, até por razões de ordem burocrática. Mas o que faz toda a diferença nessa discussão é se ele a privilegia em detrimento da pesquisa ou de ensino. E como toda questão que vale a pena ser discutida, a resposta não é simples. Objetivamente falando, afirmamos categoricamente que não, ele não privilegia a extensão em detrimento dos demais eixos. Até porque a porposta do programa é de trabalhar na perspectiva da articulação, da indissociabilidade, incentivando-a, estimulando-a, não simplesmente para cumprir protocolos (já que nem mesmo há alguma espécie de vigilância ou cobrança institucional nesse sentido), mas por convicção de que esta forma de trabalhar é a que mais contribui para que a instituição cumpra com sua função social e para que os alunos tenham uma formação de qualidade.

“A articulação dos três eixos não deve ser encarada apenas como uma exigência a ser cumprida, mas como o caminho que leva a universidade a dar o melhor de si […]”.

Especificamente em relação à pesquisa, é preciso esclarecer que os projetos dessa natureza vinculados ao LET são trabalhos que, antes de tudo, prestam a articular-se. Essa é uma questão fundamental, já que não é qualquer pesquisa que tem ou pode vir a ter um viés extensionista.

Pesquisas que, por exemplo, não se prestam a serem colocadas em prática ou, caso o sejam, partem “do pressuposto de que a universidade só tem a ensinar e nada a aprender […]” (CORREA, FRAGA 2013, p. 15), dificilmente poderão passar a ser trabalhos articulados.

Já trabalhos que encarem a comunidade externa como quem “é capaz apenas de ‘receber’ […]” (idem, ibidem, p. 15), igualmente não servirão. Para que se dê o desdobramento extensionista, é indispensável que esta seja encarada como parceira com quem se possa construir um trabalho em conjunto.

Enfim, pesquisas que se limitam a contribuir apenas “indiretamente” ou que têm como objetivo principal colaborar para o “desenvolvimento da ciência” também não dispõem necessariamente de abertura necessária para propor uma discussão para além da teoria.

Por sua vez, a pesquisa que dialoga com extensão diferencia-se por ter de definir muito claramente a finalidade do trabalho, já que este, ao menos em tese, propõe uma contribuição de fato, fruto do contato que se quer ter uma comunidade, a qual se pretende “ajudar”, mesmo que, na prática, nem sempre se consiga fazê-lo. E é esse contato que pode gerar (auto)cobrança em relação aos resultados obtidos, que não é apenas “simbólica”, da parte de agências de órgãos de fomento, de programas de pós-graduação, mas real e urgente, pois é apontada concretamente pelos participantes.

Por outro lado, é essa cobrança, ou melhor, esse compromisso que move todos os projetos integrados de extensão, ensino e pesquisa desenvolvidos no LET, de forma que seus objetivos têm sido atingidos para além do previsto, o que demonstra que a articulação dos três eixos não deve ser encarada apenas como uma exigência a ser cumprida, mas como o caminho que leva a universidade a dar o melhor de si, especialmente para aqueles que mais merecem se beneficiar disso.

LET: Proposta integrada de atividades acadêmicas

O LET é um programa de extensão porque abriga abriga vários projetos, várias ações, todas elas necessariamente integradas às de ensino e/ou de pesquisa. Aprovado na Universidade Estadual de Ponta Grossa, PR, pela Resolução CEP Nº 217, de 13 de dezembro de 2007, foi reeditado em março de 2013 para vigência até março de 2015. Portanto, está na terceira ediçao e, desde a sua criaçao, em 2007, o espaço vem sendo destinado à execução de projetos, eventos e cursos de extensão.

Entre as atividades concluídas e as que estão em execução somam-se, ao longo desses 7 anos, aproxidamente 30 propostas, coordenadas por professores atuantes nos Cursos de Licenciatura em Letras da uepg.

Inicialmente, o programa foi idealizado para permitir a realização de atividades de leitura, escrita, análise, e discussão de textos dos mais diferentes gêneros. O espaço foi criado para para congregar açõse de extensão direcionadas para a oferta de cursos e minicursos, projetos de pesquisa integradados aos de extensão e ensino, projetos que contemplam a formaçao de professores e trabalhos de leitura e de escrita que atendam e demandas de estratos sociais marginalizados. Seu público-alvo inclui professores em formação inicial e continuada, pesquisadores, acadêmicos de diversas áreas, alunos de Ensino Fundamental e Médio, participantes da comunidade em geral.

Nesses 7 anos, o LET vem reunindo e promovendo a aproximação entre professores em formaçãoe professores já em atuação, de modo que se constitui como um espaço de permanência para os graduandos, notadamente os dos Cursos de Licenciatura em Letras que estão trabalhando em projetos de extensão, ensino e pesquisa coordenados pelos professores que os propõem pelo LET e também para os pós-graduandos orientados por esses professores e demais participantes da comunidade.

“O Programa de Extensão Universitária (ProExt) apoia instituições públicas de ensino superior no desenvolvimento de programas ou projetos de extensão que contribuam para implementação de políticas públicas”

Nos últimos anos, o Programa recebeu apoio das instâncias de fomento à extensão, tanto federal (MEC-PROEXT 2009 e PRO-EXT 2012) quanto estadual (USF/SETI). O objetivo principal do programa é o de utilizar o texto (em atividades de leitura e escrita) para desenvolver trabalhos extensionistas de maneira que se sustentam em procedimentos metodológicos atrelados com atividades de ensino e/ou pesquisa.

Um dos principais objetivos do Programa é fortalecer os cursos de Licenciatura em Letras e o Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade, tanto do ponto de vista de infraestrutura quanto de conteúdos das áreas específicas, sempre em busca de complementação, do aprofundamento e da troca dos saberes adquiridos nas salas de aula, nas diversas disciplinas ofertadas nos Cursos. A metodologia aplicada prevê a seleção de diversos textos para leitura, desenvolvimento de estratégias de leitura, produção, revisão e análise de textos escritos, grupos de estudo, reuniõe dos grupos de pesquisa, ofertas de minicursos em eventos e de disciplina em projetos específicos e assessoria a projetos socioeducacionais. Um dos principais desafios dos professores, pesquisadores, e extensionistas que vem participando dos trabalhos desenvolvidos no LET configura-se no sentido de organizar e coordenar um espaço multidisciplinar de estudos, além de, naturalmente, manter o compromisso inicial da proposta de abrigar ações integradas que se dediquem a estudar linguagem.

“O Programa Universidades Sem Fronteiras é uma ação de extensão universitária desenvolvida no estado do Paraná que orienta a proposição e seleção de projetos em municípios socialmente mais críticos, identificados a partir da mensuração do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”

“Entre as atividades concluídas e as que estão em execução somam-se, ao longo desses 7 anos, aproximadamente 30 propostas, coordenadas por professores atuantes nos Cursos de Licenciaturas em Letras da UEPG.”