Publicação “Remédios Kaingang”

A proposta que deu origem ao livro “Remédios Kaingang” foi uma sugestão do casal Leila e Sergio Goitoto, que defendiam a importância de escrever um livro em que se registrassem receitas de remédios tradicionais Kaingang. “As crianças de hoje não sabem mais isso. Todo mundo pega remédio no posto, até para dor de cabeça. Ninguém mais conhece planta medicinal nem sabe fazer um chá”, disseram.

Para atender as exigências do CNPq, que financiou a obra, pensamos num formato de livro que fosse bom para se ter na escola. Mesmo que não pudéssemos, naquele momento, viabilizar um livro bilíngue, consideramos que a obra possibilitaria trabalhar questões culturais porque a partir dela o professor poderia discutir com os alunos a tradição de fazer remédios dos Kaingang.

Papel da pesquisa e do ensino no LET

O LET é um programa de extensão que acolhe projetos articulados. Por essa razão, vinculam-se a ele também diversos trabalhos de pesqusia e de ensino que são desdobramentos de projetos de extensão.

E isto não só é possível, como desejável, pois contribui para promover o tão necessário diálogo entre extensão, ensino e pesquisa, que é ipmortante por uma série de razões.

Talvez a mais importante delas seja a de discutir a natureza da relação que os três eixos do tripé que sustenta o Ensino Superior estabelecem ou devem estabelecer entre si: de igualdade, ou de melhor, equidade, para que se mantenha equilíbrio entre as partes e estas efetivamente se complementem? Ou algum dos eixos acaba se sobressaindo mais que os outros?

Para que as questões acima façam sentido, apesar da aparente contradição que levantam, precisamos levar em conta não somente o que está previsto no Artigo 207 da Constituição de 1988, em relação à indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, princípio a que as universidades devem obedecer. É fundamental enxergar além do ideal e ver também a realidade de que, no entendimento de muitas pessoas, a pesquisa tem mais valor. A escola, por exemplo, ensina desde muito cedo que a teoria deve preceder a prática – daí, quem sabe, vem a afirmação de que é possível teorizar sem pôr “a mão na massa”.

Como já dissemos, o LET originalmente é um programa de extensão. Portanto, mesmo se articulando com os demais eixos, não se pode negar que, em razão da sua procedência, de certa forma ele a privilegia, até por razões de ordem burocrática. Mas o que faz toda a diferença nessa discussão é se ele a privilegia em detrimento da pesquisa ou de ensino. E como toda questão que vale a pena ser discutida, a resposta não é simples. Objetivamente falando, afirmamos categoricamente que não, ele não privilegia a extensão em detrimento dos demais eixos. Até porque a porposta do programa é de trabalhar na perspectiva da articulação, da indissociabilidade, incentivando-a, estimulando-a, não simplesmente para cumprir protocolos (já que nem mesmo há alguma espécie de vigilância ou cobrança institucional nesse sentido), mas por convicção de que esta forma de trabalhar é a que mais contribui para que a instituição cumpra com sua função social e para que os alunos tenham uma formação de qualidade.

“A articulação dos três eixos não deve ser encarada apenas como uma exigência a ser cumprida, mas como o caminho que leva a universidade a dar o melhor de si […]”.

Especificamente em relação à pesquisa, é preciso esclarecer que os projetos dessa natureza vinculados ao LET são trabalhos que, antes de tudo, prestam a articular-se. Essa é uma questão fundamental, já que não é qualquer pesquisa que tem ou pode vir a ter um viés extensionista.

Pesquisas que, por exemplo, não se prestam a serem colocadas em prática ou, caso o sejam, partem “do pressuposto de que a universidade só tem a ensinar e nada a aprender […]” (CORREA, FRAGA 2013, p. 15), dificilmente poderão passar a ser trabalhos articulados.

Já trabalhos que encarem a comunidade externa como quem “é capaz apenas de ‘receber’ […]” (idem, ibidem, p. 15), igualmente não servirão. Para que se dê o desdobramento extensionista, é indispensável que esta seja encarada como parceira com quem se possa construir um trabalho em conjunto.

Enfim, pesquisas que se limitam a contribuir apenas “indiretamente” ou que têm como objetivo principal colaborar para o “desenvolvimento da ciência” também não dispõem necessariamente de abertura necessária para propor uma discussão para além da teoria.

Por sua vez, a pesquisa que dialoga com extensão diferencia-se por ter de definir muito claramente a finalidade do trabalho, já que este, ao menos em tese, propõe uma contribuição de fato, fruto do contato que se quer ter uma comunidade, a qual se pretende “ajudar”, mesmo que, na prática, nem sempre se consiga fazê-lo. E é esse contato que pode gerar (auto)cobrança em relação aos resultados obtidos, que não é apenas “simbólica”, da parte de agências de órgãos de fomento, de programas de pós-graduação, mas real e urgente, pois é apontada concretamente pelos participantes.

Por outro lado, é essa cobrança, ou melhor, esse compromisso que move todos os projetos integrados de extensão, ensino e pesquisa desenvolvidos no LET, de forma que seus objetivos têm sido atingidos para além do previsto, o que demonstra que a articulação dos três eixos não deve ser encarada apenas como uma exigência a ser cumprida, mas como o caminho que leva a universidade a dar o melhor de si, especialmente para aqueles que mais merecem se beneficiar disso.

LET: Proposta integrada de atividades acadêmicas

O LET é um programa de extensão porque abriga abriga vários projetos, várias ações, todas elas necessariamente integradas às de ensino e/ou de pesquisa. Aprovado na Universidade Estadual de Ponta Grossa, PR, pela Resolução CEP Nº 217, de 13 de dezembro de 2007, foi reeditado em março de 2013 para vigência até março de 2015. Portanto, está na terceira ediçao e, desde a sua criaçao, em 2007, o espaço vem sendo destinado à execução de projetos, eventos e cursos de extensão.

Entre as atividades concluídas e as que estão em execução somam-se, ao longo desses 7 anos, aproxidamente 30 propostas, coordenadas por professores atuantes nos Cursos de Licenciatura em Letras da uepg.

Inicialmente, o programa foi idealizado para permitir a realização de atividades de leitura, escrita, análise, e discussão de textos dos mais diferentes gêneros. O espaço foi criado para para congregar açõse de extensão direcionadas para a oferta de cursos e minicursos, projetos de pesquisa integradados aos de extensão e ensino, projetos que contemplam a formaçao de professores e trabalhos de leitura e de escrita que atendam e demandas de estratos sociais marginalizados. Seu público-alvo inclui professores em formação inicial e continuada, pesquisadores, acadêmicos de diversas áreas, alunos de Ensino Fundamental e Médio, participantes da comunidade em geral.

Nesses 7 anos, o LET vem reunindo e promovendo a aproximação entre professores em formaçãoe professores já em atuação, de modo que se constitui como um espaço de permanência para os graduandos, notadamente os dos Cursos de Licenciatura em Letras que estão trabalhando em projetos de extensão, ensino e pesquisa coordenados pelos professores que os propõem pelo LET e também para os pós-graduandos orientados por esses professores e demais participantes da comunidade.

“O Programa de Extensão Universitária (ProExt) apoia instituições públicas de ensino superior no desenvolvimento de programas ou projetos de extensão que contribuam para implementação de políticas públicas”

Nos últimos anos, o Programa recebeu apoio das instâncias de fomento à extensão, tanto federal (MEC-PROEXT 2009 e PRO-EXT 2012) quanto estadual (USF/SETI). O objetivo principal do programa é o de utilizar o texto (em atividades de leitura e escrita) para desenvolver trabalhos extensionistas de maneira que se sustentam em procedimentos metodológicos atrelados com atividades de ensino e/ou pesquisa.

Um dos principais objetivos do Programa é fortalecer os cursos de Licenciatura em Letras e o Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade, tanto do ponto de vista de infraestrutura quanto de conteúdos das áreas específicas, sempre em busca de complementação, do aprofundamento e da troca dos saberes adquiridos nas salas de aula, nas diversas disciplinas ofertadas nos Cursos. A metodologia aplicada prevê a seleção de diversos textos para leitura, desenvolvimento de estratégias de leitura, produção, revisão e análise de textos escritos, grupos de estudo, reuniõe dos grupos de pesquisa, ofertas de minicursos em eventos e de disciplina em projetos específicos e assessoria a projetos socioeducacionais. Um dos principais desafios dos professores, pesquisadores, e extensionistas que vem participando dos trabalhos desenvolvidos no LET configura-se no sentido de organizar e coordenar um espaço multidisciplinar de estudos, além de, naturalmente, manter o compromisso inicial da proposta de abrigar ações integradas que se dediquem a estudar linguagem.

“O Programa Universidades Sem Fronteiras é uma ação de extensão universitária desenvolvida no estado do Paraná que orienta a proposição e seleção de projetos em municípios socialmente mais críticos, identificados a partir da mensuração do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”

“Entre as atividades concluídas e as que estão em execução somam-se, ao longo desses 7 anos, aproximadamente 30 propostas, coordenadas por professores atuantes nos Cursos de Licenciaturas em Letras da UEPG.”