Seminário debate currículos dos cursos da área da saúde
A reunião “Mudança curricular nos cursos das ciências da saúde, registrou a presença da professora Maria Helena Senger, assessora do Ministério da Saúde para os programas PRÓ/PET – Saúde do Estado do Paraná
por Marilia Woiciechowski
Com programação dirigida a gestores de saúde, coordenadores de cursos de graduação, tutores e preceptores dos grupos PRÓ/PET, pró-reitores de graduação das instituições participantes do Pró-Saúde, servidores do SUS (Sistema único de Saúde), professores, acadêmicos e comunidade, a UEPG iniciou o Seminário Estadual Pró-Saúde/PET Saúde, nesta segunda-feira (5), no Auditório das Ciências Agrárias e Tecnológicas, no Campus de Uvaranas. A organização do evento registrou, das 9h às 11h, a reunião “Mudança curricular nos cursos das ciências da saúde, com a presença da professora Maria Helena Senger, assessora do Ministério da Saúde para os programas PRÓ/PET – Saúde do Estado do Paraná.
Médica de formação (endocrinologista), Maria Helena se envolve há anos com educação e saúde e, hoje, ajuda, como ressalta “por acreditar” os programas PRÓ/PET-Saúde, no âmbito do Ministério da Saúde. Para a professora, os pontos principais da mudança curricular nos cursos da área passam pela qualidade na formação dos futuros profissionais, principalmente na medicina, que se constitui em fator preocupante. “Todos nós somos aprendizes”, diz, acrescentando que “o PET-Saúde foca as práticas que pretende que permaneçam para contribuir com a qualidade do atendimento à população”. A professora entende que, enquanto os profissionais da área não se debruçarem para deixar os espaços de saúde com qualidade, vão continuar fragilizados. Isso porque vão permanecer encastelados, ou seja, restritos aos seus quadrados.
Nova Visão para a Saúde
A palestrante ressalta que o mundo precisa de pessoas que entendam os benefícios de trabalhar juntas. “Não é fácil sair de nossos castelos. Mas precisamos refletir sobre o fato de que, hoje, no mundo se estreitarem os caminhos daqueles que insistem em pensar isoladamente”. É otimista e pontua: “A saúde é preocupante, mas promissora”. Para a médica, essa visão promissora segue em direção da certeza de que se ocorrerem melhorias na formação dos profissionais para atuarem na área, e com sentido humanizado, tornam-se positivas as ações de mudanças desse cenário, agora, preocupante. A condução de sua fala sobre mudanças curriculares iniciou com modelos de aprendizagem até o registro do esforço para se dar uma nova visão do ensino e do trabalho para a saúde.
Reunião Interativa
Fez questão de destacar que se tratava de uma reunião interativa para motivar uma boa conversa – e não apenas mais um espaço para cumprir tabela. “Nós nos acostumamos a ver o currículo como uma grade, ou seja, palavra imposta. Tenho a grade e dela não saio, pensam alguns. Mas há que se pensar em currículo como uma série de necessidades, contextos e resultados esperados para a dinâmica dos cursos da área”. Também enfatiza a necessidade de se resgatar os componentes humanísticos nos programas da área. “É a preocupação com sistemas de saúde orientados para currículos voltados para e na comunidade”. Para ela, há que se sair do direcionamento que leva o aluno a ter nas notas o seu olhar imediato. “Isso torna o curso aborrecido e desestimulante. Instala-se o pacto a mediocridade. O professor finge que ensina e o aluno que aprende”.
Pergunta-se: “Podemos nos dar ao luxo de continuar a ensinar utilizando modalidades de séculos atrás?”. A professora segue: “Nós continuamos fazendo isso. É mais cômodo partir de um alinhavado mais fácil”. Ao salientar o significado de saber pensar, a médica assinala que, nas circunstâncias atuais, exigem-se mudanças para melhorar a competência na área. O que significa um agregado de conhecimentos, habilidades e atitudes para resolver problemas e transformar práticas do momento. “Saber é buscar novas informações. É selecionar a informação com qualidade, aplicá-la na prática profissional – e avaliar o resultado da intervenção, fazer autoavaliação”.
Para a professora o ideal é subir a escada do desenvolvimento curricular até chegar a transdisciplinaridade. Entender que para se fazer uma reforma curricular é preciso enfrentar o desafio das mudanças. “Estamos num processo de transição e, portanto, precisamos de suporte para seguir na direção almejada. Mudanças geram turbulências e inseguranças. Mas é preciso sair da zona de conforto”. Para ela, a preocupação, hoje, é trazer os direcionamentos propostos pelos PETs para os currículos da saúde. “Nós não vamos encontrar os caminhos para os currículos da área, isoladamente. Precisamos pensar em situações usais do dia a dia da área”. Na construção de novos currículos, Maria Helena enfatiza a necessidade de se lançar o olhar também para outras áreas. A professora registra que o melhor currículo é aquele que jamais será terminado.
Mesa e Programação
A mesa de debates da reunião contou com a participação de Léo Kruger, da coordenação da Saúde Bucal da Secretaria da Saúde do Estado do Paraná – e membro da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABEM); Marilene Buffon, d direção do Setor de Ciências da Saúde da UFPR (Universidade Federal do Paraná); Rosilda Neves Alves, do Programa dos Programas Pró/PET- Saúde da UEM (Universidade de Maringá); Erivelton Fontana Dellat, diretor do Setor de Saúde da Unicentro (Universidade Estadual do Centro Oeste); Denise Xavier Messias, representante da Diretoria Geral da Seti (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) e de Fabiana Mansani, chefe da Divisão de Ensino da Prograd(Pró-Reitoria de Graduação) da UEPG.
A abertura oficial do seminário ocorre das 18h às 19h, com a conferência “Redes de atenção à saúde”, no Campus Central (Paraça Santos Andrade, 1). Antes da abertura, no mesmo local, o seminário registra à tarde com a conferência “Integração multiprofissional e ensino-serviço-comunidade” (13h30 às 14h30), oficinas sobre integração multiprofissional e ensino-serviço-comunidade (das 15h às 1630), e consolidação da discussão das oficinas ((16h às 19h). A programação encerra, na terça-feira (6), com relatos de experiência sobre os projetos Pro-Saúde e PET-Saúde do Estado do Paraná (9h às 12h), mesa redonda “Desafios para formação de recursos humanos para a atenção à saúde e a construção das redes de atenção à saúde no Paraná (14h às 16h) e a Plenária de encerramento, premiação das experiências e dos pôsteres (16h30).