Palestra reúne professores na Semana Pedagógica

A pró-reitor Graciete Tozetto Góes reafirmou a preocupação da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) com a formação para a docência e com os temas importantes que envolvem o ensino de graduação, na abertura da Semana de Planejamento e Atualização Docente de 2014 da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), nesta terça-feira (4), no auditório do PDE (Campus Uvaranas). A cerimônia de abertura do evento contou com a presença do reitor Carlos Luciano Sant’Ana Vargas; dos pró-reitores de Extensão e Assuntos Culturais, Gisele Alves de Sá Quimeli, de Pesquisa e Pós-Graduação, Benjamim de Melo Carvalho, e de Planejamento, Altair Justino; e da chefe da Divisão de Ensino da Prograd, Fabiana Postiglione Mansani.

Destacando a importância da participação dos professores na Semana de Planejamento e Atualização, Graciete Góes relembrou temas das semanas pedagógicas realizadas desde 2007. De acordo com a pró-reitor, neste período foram debatidos diversos temas, exemplo de ‘Avaliação educacional’, ‘Avaliação na prática pedagógica’, ‘Educação a Distância’, além de encontros temáticos, como ‘Ações docentes em sala de aula e implicações legais’ e ‘Ações preventivas ao uso indevido de drogas’, entre outros.

Ao fazer o relato das temáticas já abordadas, Graciete Góes que a Prograd tem preocupação constante com a formação para a docência, trazendo para o debate temas atuais e importantes que envolvem o cotidiano da instituição e o processo de ensino-aprendizagem. Também comentou sobre os professores que participam das semanas pedagógicas desde 2007, observando que uma palestra ou curso não transformam a prática docente. “Mas certamente essas atividades contribuem para levantar questionamentos e reflexões que possam desencadear novas ações e aprofundamentos, contribuindo para a busca de novos caminhos para o processo ensino aprendizagem na UEPG”.
PRÁTICA DOCENTE
Na palestra de abertura da semana, a professora Maria Isabel de Almeida, da Universidade de São Paulo (USP) discorreu sobre o tema ‘Pedagogia Universitária Caminhos para a Formação de Professores’. Organizadora do livro ‘Pedagogia Universitária – caminho para a formação de professores’ (em coautoria com Selma Garrido Pimenta), a palestrante comenta que a maior tarefa para o professor é formar profissionais competentes nos cursos de graduação, sintonizados com as demandas do mundo atual e que tenham senso de justiça social e uma identidade profunda com a cidadania democrática.

Segundo ela, essa tarefa exige dos docentes universitários muito mais do que repassar os conteúdos de sua área específica. “O caráter formativo da docência vem sendo cada vez mais reconhecido na sociedade atual apontando a necessidade de se superar os discursos que a consideram uma mera vocação ou transposição das atuações. Ensinar é uma ação complexa que requer compreender profundamente a área específica a ser ensinada e seu significado social”.

Maria Isabel destacou ainda o desenvolvimento do trabalho docente na Universidade. “A universidade é essencialmente o lugar da produção de conhecimento e da formação de pessoas para o exercício profissional”, disse, observando que atuar na universidade requer ter elementos para compreender e se posicionar frente às relações que ele desenvolve com a sociedade em que está inserida.

Sobre as dificuldades no trabalho docente, a palestrante comenta que hoje por conta da questão ‘produtivismo’ a formação está ficando em segundo plano. “Docentes não se consideram professores e sim pesquisadores com carga horária docente. A formação dos alunos não é o que mais importa aos docentes. Os gestores universitários não têm conhecimentos e compromissos pedagógicos’’, afirma. Para ela, não existe uma formação oficial instituída para os docentes universitários, normalmente se identifica “experiência como formação”.

A palestrante lembra que também anos atrás não era assim. “A pessoa era convidada a vir para dar aula. Tínhamos um grupo seleto de alunos muito mais homogêneo. O aluno vinha sabendo o que queria fazer e o professor transmitia conhecimento”. Hoje, segundo ela, o cenário mudou, mas a forma de ser professor é a mesma. “Por exemplo, estamos preparados para o estudante trabalhador. Eles são profissionais que trabalham o dia todo e vem para a universidade à noite. Eu posso exigir desse aluno o mesmo conteúdo? Como eu lido com tudo isso. Neste cenário aquele modelo de ser professor não é suficiente para sustentar esse desafio”, completa.

“Os desafios do professor universitário terão que fazer frente às transformações que se manifestam no processo de formação dos estudantes do ensino superior”, diz Maria Isabel. Isso, afirma ela, requer dos professores respostas científicas, investigativas e pedagógicas, para desenvolver com os alunos a percepção de que o conhecimento construído intervém sobre o real e tem conseqüências, portanto tem valores cognitivos, éticos e políticos. A professora elenca dificuldades do professor universitário. Entre elas, a falta de fundamentos científicos sobre os elementos constitutivos da atuação docente, tais como organização do currículo, planejamento, preparo das aulas, métodos e estratégias didáticas, avaliação da aprendizagem e peculiaridades da interação professor/aluno.

Ela conclui dizendo que existe a necessidade de um novo paradigma de docência no ensino superior capaz de enfrentar esses diversos questionamentos: ‘O que priorizar no ensino?’; ‘Conhecimento x informação, onde centrar o foco do ensino?’; ‘Compreensão x competência, o que ajudar o aluno a desenvolver?’; “Exercício da crítica x reprodução, como lidar com os alunos de novo perfil?’; e Incluir de fato x perpetuar desigualdades’.

Copyright © 2014 - Pró-Reitoria de Graduação - UEPG