Relato de experiência do Curso de Língua Kaingang na UEPG

Sabendo o quão necessário e importante é para os povos indígenas preservar suas línguas, dois acadêmicos Kaingang, Renato Pereira e Joel Anastacio, respectivamente alunos dos cursos de Odontologia e Agronomia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em março de 2017 tomaram a iniciativa de colocar em prática uma ideia já cultivada ao longo de sua caminhada como acadêmicos universitários: propor a realização de um curso de língua Kaingang na instituição.

A proposta de realizar um curso de introdução à língua Kaingang dentro da universidade a princípio surgiu com o objetivo de proporcionar apenas a acadêmicos indígenas o resgate da língua, considerando que estes, quando se deslocam das suas comunidades em direção à cidade, acabam perdendo o contato direto com sua língua materna, o que muitas vezes faz com que acabem esquecendo o idioma.

O formato da proposta inicial foi sendo alterado a partir de reuniões e discussões realizadas entre os dois acadêmicos e a professora da instituição que acolheu a ideia do curso no âmbito do projeto de extensão “Formação inicial e continuada de professores de língua em comunidades multilíngues/ multiculturais”, que Renato e Joel passaram a integrar. Nas reuniões feitas, chegou-se à conclusão de que seria importante abrir a oferta do curso não apenas para a comunidade acadêmica indígena, mas também para pessoas não indígenas (inclusive comunidade externa) que tivessem interesse em conhecer uma nova língua que existe e resiste há muito tempo no país, a qual também é desconhecida por indígenas de outras etnias, alunos da UEPG.

A proposição do curso de língua Kaingang realizado na Universidade Estadual de Ponta Grossa entre maio e julho de 2017 seguiu os preceitos da pedagogia Kaingang, segundo a qual cabe ao professor Kaingang “[…] resgatar e valorizar as formas tradicionais Kaingang de repassar os conhecimentos para os jovens, porque essas formas não são meros métodos em fase de experimentação, mas sim metodologias aplicadas, avaliadas e aperfeiçoadas através dos tempos” (INÁCIO, 2010, p. 45, grifos nossos).

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